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Full text of "AAAHHtrte !!! 20 16"

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AAAHHtrte !!! 


20 16 


Galeria de zines e acontecimentos criativos 


AAAHHTrte € um zine-colagem de acontecimentos interessantes encontrados por ai. O 
objetivo é apenas divulgar e prestigiar obras criativas, sem qualquer finalidade comercial. 
Distribuicao gratuita. 


Capa: David Beat 


Contato: 
wagner nyhyhwh 
wnyhyw@gmail.com 


htto://partesforadotodo.blogspot.com 


As edicdes do AAAHHrte podem ser vistas/baixadas/recebidas através dos meios abaixo: 


Para receber por mail € so pedir no wnyhyw@gmail.com . 


Ou acesse: 


ZINETECA DIGITAL COLABORATIVA 


(https://drive.google.com/folderview ?id=1VOSRYuUN_id71RG9ksOOcIZH9nSTGxyGE) 


RECANTO DAS LETRAS 


-//www.recantodasletras.com.br/autor textos.php ?id=196268&categoria=M) 





Arquivos do grupo COLETIVO ZINE no facebook 
(https://www.facebook.com/groups/333871386651933/files) 


Biblioteca de Fanzin/ES da Daniela Dias 


(https://sites.zoogle.com/view/fanzinesdanieladiaspoetisa) 





A vida em turbilhao traz um ano de producao de 
paginas semanais de Maria refletindo o 
quotidiano politico e social de um pais que teima 
em andar para tras. A indignacao perpassa todas 
as paginas, mas sempre com um tom critico e 


bem-humorado 


CHEGA DE FAZER 
ae om |f ECO AS SANDICES 


DESSE CAPITAO 
ALOPRADO! 


MAIS ELE SOBE * 
NO PALCO! 
















NAO MANDO ELE Y QUERO QUE JUNTAR PESSOAS, ) ~~ TRANSFORMAR 






SE FODERPORQUE ELE SUFOQUE } SER CRIATIVA, A \NDIGNACAO 
FODERE UMA NA — PROPOSITIVA... )\ EM DIGNA AGAO. 
LHE JOR 
i PELA BOCA. LIX, 
cd 


(DN, 6G 


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ILS vamos FAZER 


H / 
P| um FANZINE! (viz ge 
pt é —& 
AY w A 


ilk] @ZAE 





INDUC NO —— 


TIROTEIO EM NOME EPA! 


EMORTE ‘Y DASEGURANGA, NAO TENHO 
NOS MORROS O GENOCIDIO! 


7 YS | EE" 
EO MESMO Gy C777 TTT TT 
QUE PUXA Wy 


O GATILHO. 





Capa - Expediente - Sumario - Autor 


SIM! N°4E & 
MIJAR, M10, 
MIJADA! 


WY HOJE HA 
EUFEMISMO PRA 

TUDO, ATE PARA AS 
NECESSIDADES 
FISIOLOGICAS ! 


wr |OCU#DOS 
NUMEROS 


GENTE! VAMOS 
PARAR DE FALAR 
DOS FILHOS DO 
PRESIDENTE! 


Capa - Expediente - Sumario - Autor 





MARIA 

A vida em turbilhao 
Henrique Magalhaes 

Série Repertorio, 32 - 2020 
Marca de Fantasia 


LI 





httos://coletivearts.blogspot.com/2020/0/7/malditos-teclados-bailarinos.html 


MALDITOS TECLADOS BAILARINOS 


-O que e isso? 

- Comida. 

- Como se come? 

- Com a boca. 

Etenegildo levantou com um pulo. 
O suor cobria sua testa palida. 
Foi ate a geladeira. 

Estava vazia. 


FABIO DA SILVA BARBOSA 





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0 MENINO 


SENTADO NO CANTO ESCURO 

O MENINO MINGUA INVISIVEL 
NAO PODE SER LEMBRADO 

POIS DE FATO 

NUNCA EXISTIU 

COMO UM FOGO NO FIM 

VAI SUMINDO 

MESMO SEM NUNCA TER SIDO VISTO 
TRISTEZA 

SENTIMENTO CORRIQUEIRO 
QUE JA PERDEU O SENTIDO 

A SUJEIRA JA NAO INCOMODA MAIS 
ESTA CEGO, SURDO 

E BABANDO 

AS REMELAS GRUDAM OS OLHOS 
A POEIRA GRUDA NA PELE 

OS PES 

JA NAO SAO PES 

As MAOS 

JA NAO SAO MAOS 

NAS ORELHAS 

APENAS INFLAMAGOES 

A LINGUA INCHADA 

JA NAO SERVE PRA FALAR 
DOENTE 

NUNCA ESTEVE SAO 


FEXTO: FABIO DA SILVA BARBOSA 
ARTE: VINICIUS VASCONGELLOS 





BPBLIOTECA FL BIC 


A WLPNCIPAL 
MONTEIRO LOBATO 





SMCEL 


SECRETARIA MUNICIPAL DA 
CULTURA, ESPORTE E LAZER 


Prefeitura de , 


“ 
If GRAVATAI 


Come dx pooun tor are Oda rete 




















Ano Novo/Ano Bom 


Ano Novo 
Ano Bom 
Que venhaometeoro .. 7. 
Que venhaaextingio ff 


Rezo pra acabar 
Rezo pra morrer 


Texto: Fabio da Silva Barbosa 
Arte: Jorginho 








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| WANNA BE YR GRRRL 
ZINE #7 
PART 2 


WOMEN ACTIVE IN SERGIPE 





BY: LARISSA OLIVEIRA 





IG RR) {J 
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Epi |= AO WwW 7: WWive RS Ailes) 








RY NEES 








Bem-vindo, caro leitor. 


Essa revista € pra vocé, que se 
interessa por tudo que ha de 
macabro e interessante no 
mundo, essa revista € pra vocé, 
que, assim como nos é fascinado 
pelo desconhecido. A revista que 
traz até vocé, o melhor do terror! 


Atenciosamente; 
Equipe Aterrorizante. 


Final Chica — Um relato sobre o 
cinema de horror da América Latina 


Por: Maité Mendonca 


Eu desenvolvo no meu blog Final Girl 
(www.finalgirl.com.br) o Final Chica, que 
e€ um projeto que visa compreender um 
pouco mais sobre as diferentes facetas do 
cinema de horror na America Latina. Esse 
desejo surgiu quando tomei conhecimento 
sobre o festival de cinema Montevideo 
Fantastico, 0 qual ocorre no Uruguai ha 
alguns anos. E surgiu esse questionamento 
na minha cabeca: o que eu conheco sobre o 
terror feito nesse pais vizinho? E eu 
cheguei a conclusao que eu nao sabia 
absolutamente nada. E entao essa 
inquietacao foi ficando mais ampla. Eu 
abri uma pagina qualquer de internet com 
os nomes de todos os paises que fazem 
parte da America Latina e do Caribe e veio 
o choque de realidade. Percebi que eu tinha 
tido contato com alguns filmes mexicanos, 
argentinos, chilenos e brasileiros. E mais 
nada. Fiquei olhando para aquele mapa e 
para aquela infinidade de possibilidades. E 
pensei que, assim como eu, muitas pessoas 
talvez nao conhecessem tambem esse 
universo. Entao eu parti em uma pesquisa 
Dara conhecer um pouco como funciona a 


O TORTURADOR DO CARIBE 


Cruel, sadico e carniceiro; poucos homens na 
historia mostraram tanta crueldade quanto 
Johnny Abbes Garcia, o torturador oficial do 
Sanguinario ditador da Republica Dominicana 
Rafael Trujillo. 


Responsavel por um numero indeterminado de 
mortes, Abbes Garcia espalhou o terror 
durante trés anos na pequena ilha do Caribe, 
mas pagou o preco por optar por ser o “cara 
mau”. Filho do alemao George Abbes Garcia e 
da dominicana Altagracia Garcia Alardo, 
Johnny Abbes nasceu na capital Santo 
Domingo em 27 de marco de 1924. 
Frequentou escolas de padres franciscanos, 
tendo estudado durante muito tempo ao lado 
da famosa igreja Las Mercedes. Concluiu seus 
estudos no Colegio Santo Domingo, um dos 
mais tradicionais da Republica Dominicana. O 
historiador e militar aposentado Jose Miguel 
Soto Jimenez diz, em seu livro El Trujillicon 
(2011), que Dona Tata Garcia, mae de Abbes 
Garcia, era uma “dominicana em todos os 
sentidos”: uma mulher querida por suas 
inclinacoes religiosas, pregadora da 
moralidade e da bondade; porem, a educacao 
religiosa e tradicional nao livrou 0 jovem 
baderneiro das influéncias de outros garotos 
de mesmo temperamento. Ao lado dos amigos, 


Poderia Abbes Garcia, vestido sob a capa da 
autoridade, ser um desses psicopatas sadicos? 
Que aproveita do contexto de vida no qual esta 
inserido para colocar para fora sua verdadeira 
face sem que isso pareca algo doentio? Ao 
contrario, comum e normal? E claro que ele 
tinha seus Capangas para sujar aS mdos, 
entretanto, apenas o fato de apreciar o 
sofrimento alheio tambem excita os sadicos. 


Por outro lado, existe a inquietante 
possibilidade de que ele fosse apenas um 
homem normal. Nesse sentido, grosso modo, 
poderia compara-lo a Adolf Eichmann, um 
dos arquitetos do holocausto, responsavel pela 
eficiente logistica de deportagao em massa de 
judeus ate os campos de exterminio. Quando 
Eichmann foi julgado, em 1961, todos 
esperavam encontrar um monstro, uma 
aberracao psiquiatrica, mas nao foi bem assim; 
psiquiatras que 0 examinaram viram um 
homem normal, devoto a familia e funcionario 
exemplar. Ele nao era doente, mas apenas um 
homem dominado pelo trabalho. Agiu “certo” 
e para o “bem” de um sistema, esse sim, 
essencialmente criminoso. 


“Ele so ficava com a consciéncia pesada 


quando nao fazia aquilo que lhe ordenavam: 
emharcar milhnes de hhmens mulheres e 


POR QUE ELES OLHAM PARA O MEU 
ROSTO ? 


"Qual e o problema dela?" pensei comigo 
mesmo enquanto sentava em meu cubiculo. 
Angela, uma de minhas companheiras de 
trabalho, estava me encarando. Para ser mais 
exato ela estava pasma olhando para mim, 
para O meu rosto. Eu queria gritar com ela, 
virar a minha mesa e lhe perguntar qual a 
porra do problema, mas eu apenas permaneci 
de cabeca baixa. Isso tem acontecido comigo 
desde que consegui um trabalho aqui. Mas de 
fato alguma hora eu iria conseguir outro 
emprego e meus colegas iriam parar de 
encarar meu rosto. 


Isso aconteceu em publico tambem... Pessoas 
nas ruas, nas linhas de metro, em todo lugar 
que ia aS pessoas sempre me encararam, e eu 
nao sei Oo porque. Quando o relogio marcou 5 
horas eu arrumei minhas coisas e fui embora. 
Ainda hoje nao houve diferenca. Todos que 
cruzei 0 caminho pareceram, no minimo, me 
dar uma olhada de canto. Foi inebriante. Uma 
raiva absolutamente ofuscante se filtrou em 
cada impulso eletrico em meu corpo, toda vez 
que alguem olhava em minha direcao. 


Cheguei em casa e decidi fazer um check-up 
no meu rosto em frente ao espelho. Travei 
meu olhos abertos usando meu sistema interno 
de scan, procurei na Internet por imagens de 
milhoes de humanos. Meu rosto se parecia tao 
humano quanto os resultados que encontrei... 


T.’ ~ . e 
:7-ut mnmatnin pa eg mee riiwtinr iia aa aan | oes oo paea eM Rea de mom 


https://www.amazon.com.br/dp/BO8CBJBQRX/ref=sr_ 1.3? mk pt BR=AMAZON 
&dchild=1&keywords=Revista+Aterrorizante&qid=159381 /219&sr=8-3 


REALIZACAO: 
Cladoterror.com 


CONTATO PARA ENVIO DE MATERIAL: 
RevistaAterrorizante@gmail.com 





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“Left Hand Path” 


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httos://claneto.bandcamp.com/aloum/left-hand-path 


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Tecelume: colcha de autosaberes € uma iniciativa 
do Nucleo de Praticas Artisticas Autobliograficas 
- NuUPAA. Esta exposicdo retine pesquisas de 
artistas que experimentam passagens entre os 
campos da arte e dos estudos autobiograficos. 

A mostra integra o encontro de grupos de 
pesquisa que congrega o I Simposio do Nucleo de 
Praticas Artisticas Autobiograficas - I SiNuPAA 
eo X encontro do Grupo de Historia e¢ Imagem —- X 
GEHIM, sob o tema Imagens Auto/Biograficas: na 
historia e na pratica artistica. 


QO conjunto de trabalhos aqui apresentado 
constitul um lugar de fruigdo, reflexdo e debate 
sobre a poténcia politica e€ poética do fazer 
artistico como pesquisa € como pratica de 51. 
Fle aponta para uma ecologia de linguagens, 
técnicas, processos e auto/saberes que move o 
corpo, a imaginacdao e o desejo e, nesse 
movimento, tece um pluriverso que abraca a 
complexidade das existéncias em seus modos de 
ser, agir € estar no mundo. 


Manoela dos Anjos Afonso Rodrigues 
Udinaldo da Costa Silva 


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EXPOSICAO FC 


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Delile: foe 
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, erra Indigega Xingu 
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"Neste momento dificil e de reflexao para todos, a CASA TRI & Galeria Tripe 
seguem trabalhando a distancia e solidarios para fazer sua parte: contribuir com a 
economia criativa do pais e incentivar projetos que valorizem nossa cultura, entre 
Suas diversas expressoes. Nestas circunstancias, temos o prazer e privilegio de 
realizar nossa primeira exposicao fotografica online em parceria com Renato 
Soares, fotografo documental e indigenista, com mais de 30 anos de experiéncia no 
registro da diversidade cultural indigena ainda existente - e resistente - no Brasil. 


Apos passar por Fortaleza (CE) e Rio de Janeiro (RJ), com apoio da Caixa Cultural 
e visitagao de milhares de pessoas, a exposicao “Amerindios do Brasil - 
Antropologia da Beleza” chega ao ambiente virtual para atrair o olhar de mais 
brasileiros e apresentar, atraves de imagens - ou “mekaron” na lingua kayapo - os 
rituais, as historias, a tradigao e 0 mundo real dos povos originarios do Brasil. 


Hoje, sao mais de 300 etnias espalhadas por todo o pais que lutam para preservar 
Sua Cultura, contra uma realidade que nao respeita fronteiras, direitos e identidade. 
Esta exposicao, rica em detalhes e olhares, € apenas uma parte do projeto de vida 
de Renato Soares, que visa a cria¢ao e construc¢ao de um grande acervo 
etnografico brasileiro, percorrendo as diversas aldeias em todo o territorio nacional. 
E um longo rio a navegar... 


“Trata-se do resgate, com uso da imagem, deste personagem - o Indio - que se 
encontra enraizado em nossa alma, como brasileiros. Desta forma, registramos e 
valorizamos sua cultura para a atualidade e o futuro, mostrando quem de fato sao’, 
afirma Renato. " 





' 
. 


ee eure le mecliala 
e para a casa de seu illatoas 


a) - Palalt- lar: 

x - : Aldeia Yawalapit 
/ Terra Indigena Xing 
~ MT 2016 





Yamurikuma 6 0 ritualondeas_ . 
5 ulheres tomam conta da _ 
aldeia. Nestes dias ' 
mens nao sao bem-vindos 
Aldeia Mavutsinim Kamayura 
ac Indigena Xingu MT 20134 


ne 
. 


mulheres tomam todos 6 
pertences masculinos e entoam 





NO meio da lagoa op 
rema solitario e te co a 


tenham uma boa me tel 
Aldeia Pyulaga W iw 


Terra Indigenagkingu MT 
2017 


> «+ 





A pintura corporal 

feita com Jenipapo se fixa na 
pele durante 

duas semanas 

Aldeia Mavutsinim 
Kamayura 





ri. 
_ - 
~~ re ‘ , nm + a 
ae ft -~2* 2 _ “2a “a rn yt a - 


As Criancas quando saem 
para a pescaria, vao todas 
pintadas de urucum, que 
funciona como um excelente 
filtro solar e repelent@ para 
satet—ro Uli cots 

Aldéia PyulagaWaura 

sevaee ualelfel ale ingu MT 
2013 





Na lagoa dos Kalapalo as 
criangas correm livres se 
divertem em brincé 


interminaveis - 
m0 \=1ko Wat Lal vere a 


Terra Indigena Xingu MT 
ours o=* 


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https :/www.casatri.com/amerindiosdobrasil 


LUCIANO IRRTHUM: 


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PRAGA DE ary 


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VE DENTRE oS “SCOMBROS = 
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Shee an 7 ? oA. 





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O PLANETA Fol TOTA\ME NTE Pee 


E os SOBREYVIVENTES Te TEM APENAS 
any Se ASS) ee 





SINGNIMOS DA PERFEI¢AD, 

* | FORAM 0s EscoLHIDOS Por Dec: 
PARA REPOYOAR WNosso AMADo 

;| PCANETA .NADA MUITo |, 

SSOMPLCADO DE SE FAZER |}: 








E PARA Que ESSA Le 
ARMA 2 VocE Nao CARGA 











ANN BOERS! Voce Mou ELE! 
E AGo RA e O QUE VAj 
BASER OH HUMAN ADE? 





; Ube Zp, 








MENSAGEM DE DIEGO EL KHOURY: 


Estou abrindo uma editora independente com Fabio da Silva Barbosa (que € um 
grande ativista escritor de Niteroi e que hoje mora em Porto Alegre). Fabio e um 
cara muito ativo (publica todo ano varios livros, em Niteroi teve um jornal das 
comunidades pra denunciar os maus tratos do estado etc etc). Eu e Fabio ja 
trampamos em varios projetos legais juntos (o Coletivo Zine, fiz capa pra livros e 
zines de sua autoria entre outras coisas). A editora quer publicar os impublicaveis 
porque entendemos o mercado editorial como uma mafia segregadora e 
queremos dar espaco pra uma galera phoda. A primeira publicagao saiu em 
parceria com uma gravadora da Holanda chamada Murder Records. Um 
Manifesto/entrevista com Danihell Slaughter. E eles estao sendo um braco forte na 
Europa pra divulgar a editora. O pessoal da Metal Reunion Zine esta tambem sendo 
um braco forte de divulgacao no Brasil. Estamos disponibilzando o pdf desse 
primeiro livro por email e se quiser acompanhar a editora aqui o blog: 
editoramerdanamao.blogspot.com . temos tambem instagram e Twitter. Pra editora 
surgir de forma mais ativa e com a possibilidade de publicar muitos livros ao longo 
do ano (no formato livro, zines, poemas, ensaios, quadrinhos...) precisamos de 
parceiros que contribuam nesse projeto. A gente entende acorreria do diaadia 
pela sobrevivéncia, mas se cada um for responsavel por uma parte a parada vai 
render de um jeito que vamos chegar a publicar varios trabalnos ate chegar no nivel 
Qapropria editora se banque (que sera maravilhoso) e ate chegar num nivel que 
todos envolvidos ganhem e passem a viver exclusivamente pra isso. Estamos, 
portanto, atras de gente pra diagramar, revisar e mexer nas redes socials pra 
divulgagao. Eu e Fabio ficamos por conta da escolha dos materiais de publicagao 
e a arte da Capa fica por minha conta tambem. Vc esta afim de contribuir como 
voluntario nesse projeto em algumas dessas fungdes que eu mencionei ? Se nao vc 
conhece alguéem que poderia estar afim de entrar nessa parada? 








IF LIK 
THE SHERWOOD © ADD YOUR ZINE 
FOREST ZINE © OUR COLLECTION 

LIBRARY . 4 PLEASE EMAIL US 

is a WITH A .PDF OR 

HOSTING 1008 OF <—— a eeyerer 

DIGITAL ZINES AT 

CUR eee FOR (a vurrrzine HERWOODZINELIBRAR 


READ 1005 OF FREE ZINES AT WWW.SHERWOODFORESTZINELIBRARY.ORG 


We have added over a 
hundred free zine pdfs 
dealing with black 


resistance, policing, and 
activism how-tos. 
##BLACKLIVESMATTER 
UPDATED TUESDAY, JUNE 
30th, 2020 





httos://www.sherwoodforesizinelibrary.or 





ANA a 
REIS 


Artista, lang¢a 0 corpo nas experimentacgoes da performance e da 
cria¢ao de subjetividades sensoriais dissidentes. Pesquisa praticas 
artisticas autobiograficas e ficcionais que produzam rachaduras e 
rasgos nas relagoes hegemOnicas de género em poténcias 
micropoliticas. Professora Adjunta do Curso de Danga da FEFD/UFG, 
ativa a performance e as praticas de fronteira no territorio da 
educacao em artes. Graduada em Artes Plastica (2008) e Mestre em 
Artes (2011) pela UFU, doutoranda em Artes pela UnB, busca ocupar o 
espaco académico nas bordas do possivel de sua insubordinagao 
contaminando a cientificidade e a neutralidade colonizadora. 
Participa do Nucleo de Praticas Artisticas Autobiograficas - NUPAA, 
da UFG. Idealiza e faz acontecer, em formato colaborativo, o 
ROCAdeira: encontros performaticos em lugares improvaveis. 
Participa de exposigoes, residéncias e encontros de arte e pesquisa. 














ANA 
REIS 


MIRA 


performance_2018 


A deusa entre suas pernas 
Faz as bocas salivarem 
- Rupi Kaur 


Mira aqui. Se olhe no espelho. Mira aqui em mim. 
Olha a sua cara no meu corpo e meu corpo a sua 
cara. Ameacador e cortante. Reflite a sua carae 
nao ve. Nu exposto e fragil em sua cegueira. Torno- 
me cega enquanto vocé se olha na minha cara 
espelhada. Mira e se vé. Nas maos um facao e um 
machado cortam 0 ar. Giram e se lang¢am em 
golpes proferidos no espaco por uma cara de 
espelho e um corpo nu. 


Fotos: 1,2 e4 Raphael Franco 
Foto 3: lere Papa 








Um computador, um scanner, uma pessoa e 
objetos utilitarios mapeiam a relagao entre o 
Sujeito e seu ambiente. 


Em 300dpi possibilidades de inter-relag¢ao do 
corpo com objetos cotidianos e midias digitais 
exploram a imagem em sua plasticidade e 
poética visual. Movida pelo desejo do encontro, a 
acao entre corpo/objeto/maquina compoe uma 
realidade fantastica, explorando a repeti¢aoea 
padronizaGao tecnolégica das produgoes em série 
em confronto com a singularidade e efemeridade 
do instante capturado. 





https://anareisnascimento.cargo.site 





RAVING FUCKING MAD Vol 4 by Enforced Existence 


Enforced Existence brings you VOL 4 in the RAVING FUCKING MAD series of 
noisecore compilations, highlighting only the most insane and bestial bands of the 


day. 


https ://enforcedexistence.bandcamp.com/alboum/raving-fucking-mad-vol-4 


FILMES 


ENSAIOS 


LOJA 


SOBRE NOS 


ain 


DO TEMPO, ELA 
PRE HA ALGUEM 


AR. 


— 





NEON NIGHTS 


KAREN E BIBIANA VARGAS 

















Sangue de Bode - A Missa da Guilhotina (Video) 





Perdido nas trevas do terceiro mundo 


Sem boca, sem fala, sem bdia, sem agua 


Vendidos no agougue com carnes baratas 
Stigmata - Marcas de um Martirio 


Ja nascem alvos na hora da caca 
Mais um politico de poe em apuros 
Feridas curadas com a forca da Igreja 


A mesma que foge do Coronavirus 


Stigmata - Marcas de um Martirio 
Pandemia - Viva o Exterminio 
No plenario - Mais um cu de pica 


Salva grava e suga a vida do povao 


Obedeca sem contestacao 

Enchendo o rabo com dinheiro do trafico e descendo o 
cacete em gente da periferia 

O sonho de acordar e nao lutar para comer 

O sonho de ser camelo pra ter 0 que vender 

O sonho de estudar vendendo bala no sinal 


1’ nacadala da iima eamnatioan daciaal 


https://youtu.be/vFVODIFR19k 


httos://coletivearts.blogspot.com/2020/07/o-diario-do-chapeleiro-louco-e-da- 





lebre 8.html 


O DIARIO DO CHAPELEIRO LOUCO E DA LEBRE MALUCA 


"Eu nao sou louco, minha realidade € apenas diferente da sua." 







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Sou om = 20a ch Aia707 loam Por AN (9) K\QU Doo 
JORGINHO 


Toda essa situagao de CUE RS Ee ile Infectados com 
pandemia so veio doentes bem antes a insensibilidade, 
nos mostrar 


com a desigualdade social com 0 yacismo com a intolerancia 
e a falsa meritocracia, estrutural, e violéncia, 


e eu me pergunto: 





Ana Paloma Silva é técnica em Artes visuais pelo 
Instituto Federal do Maranhao e estudante de ciéncias 
sociais na USP. Publicou seu primeiro quadrinho 


Sobrevivendo as Eleigdes de forma independente e o 


—— LOO sun a. ome eee Rte ee ll tee fe sem er Lear ~~ aAlitawa Claus 








Oia iss 


se ~rilham 
F QUE DIA F QUE DIA 
E Hoge? E Hoge! 


— 


= 





Caminhos dos confinamento 


Estamos dentro de casa durante essa quarentena, 
como mostra esse quadrinho de Ver6dnica Berta sobre 


confinamento 


Categoria:home-destaques, Quadrinhos exclusivos 


Por Mina de HO « 21 de maio de 2020 


Esse é mais um quadrinho inédito 
produzido com exclusividade 
para comemorar os 5 anos da 

Mina de HQ! 





g mgellEa Ty 
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A convidada de hoje é Sirlanney, quadrinista feminista 
cearense. Sua HO é sobre Liberdade, em um trecho do 
livro “O Amanha nao esta a venda”, de Ailton Krenak, 
lider indigena, ambientalista e escritor — uma das 
maiores liderancas do movimento indigena brasileiro, 


reconhecido em todo o mundo. Que honra! 





3% = 


O vIRus wro MATA PASSAROS, 
—_— NENHUM OUTRO SER, 


Ben “ > 
oe \\ 









APENAS HUMANOS 


QUEM ESTA Em PANICO SAo OS 
Paves HVMANOS E SEU MUNDO 
ARTIFICIAL. 





httos://minadehaq.com.br 












REBOCO CAIDO- 55 


\se) : 
ore (No ose | 


co Contatos: 


com 


- A Doenga (a trabalhar no vol. Il) 


- Skeletal Compost (Harsh Noise) 


> - Bad Trip Noise (Noisecore) enfermodistro.bandcamp.com 
- Stercore (Punk/Crust) stercore.bandcamp.com 


7 i. 


Da pagina 08 em diante o papo é com a Obscure 
Relic - contato obscurerelic(@gmail.com 





Contatos 
Reboco Caido: 





TA 








E mais: 
DAVID 
BEAT 


E ™ ao 
ano® 


Caixa postal: 21819 


Porto Alegre- RS 
cep.: 90050-970 


fsb197S5@yahoo.com.br 


Pag 3 





REBOCO CAIDO - 55 


BRAZYU 


O PAIS DO PASSADO s 
AEPOPEIADORETROCESSO 


1504: 


Brazyu é uma saga de fic¢do passada no ficticioReino do Brazyu. 
Qualquersemelhanga com lugares e pessoas reais é meracoincidéncia. 


O CIDADAO DE BEM em CUMPRINDO A META DO DIA 


A Grande Empresa privatizada 
demitiu metade dos funcionarios. Gestao 
de Custos. E 0 maior custo, obviamente, 
era o de pessoal. Sem perspectivas, os 
demitidos decidiram acampar protesto na 
frente da sede da Grande Empresa. 

Enquantoisso, 0 Cidadao de Bem 
sai do seu modernissimo apartamento de 
dezoito metros quadrados para bater o 
sagrado ponto no Escritorio. 

Aosair do apartamento, ja encon- 
tra um pedintesentado no corredor. Diz 
nao ter mais dinheiro pro aluguel, nem pra 
comer, ja recebeu notificagao de despejo, 
nao sabe o que fazer a nao ser pedir ajuda 


Mas nao abre mao do carro. Afinal, o Cidadao 
de Bem é brazylero. E como todobrazylero, 
adora carro. 

O Cidadao de Bem passa pela sede 
da Grande Empresa e vé as dezenas de pesso- 
as acampadas, todas aquelas tendas e faixas 
e cartazes de protesto. Revolta-se com aquela 
poluicdo visual, nao se aguenta, abaixa 0 vi- 
dro do seu carro do ano, prejudicando o con- 
forto do ar condicionado e grita furioso: Vai 
trabalhar, bando de vagabundo! 

Logo mais, transito completamente 
parado. Cidadao de Bem fica revoltado, nao 
podechegar atrasado ao Escritério. Mas o 
transito continua imével. Cidadao de Bem 


enfermodistro@gmail. 


REBOCO CAIDO - 55 
Para o fundo é 0 caminho! 





Foi quando recebi o primeiro contato da Enfer- 
mo Distro, de Portugal, via e-mail, que comecei 
a trocar uma idéia com o mano Enfermo. Nem 
preciso dizer que isso gerou mais esta entre- 
vista, né? Pois entdo. Dai, perguntas respondi- 
das, pedi uma minibio para produzir a introdu- 
¢ao da troca de idéias, j4 que nos conhecia- 
mos de pouco e poderia ter alguma informacgao 
me escapado, mas que seria relevante colocar 
na entrevista. Ai chega o texto: 

“Rastreio de uma doenga cronica alastrada 
na forma de dejeto humano: 

Colocado na maca de operagées n° '92, o 
bisturi oferece uma luz ao fundo do tinel a 
mais um pecado que, por ato involuntario, 
quis permanecer na escuriddo do titero. Co- 
mo qualquer cancro evolutivo, a dificuldade 
em remover as raizes fora de fato complicado, 
fazendo com que a enfermidade permaneces- 
se. Conforme os anos, as coisas foram 
piorando e os encontros com a Pestiléncia 
passaram de ocasionais a frequentes... 
Brindavam ao fundo das garrafas do elixir 
da insanidade, levando a que a doenga se 
alastrasse cada vez mais. Até que, num dia 
de exaustdo, o rastreio da loucura foi feito a 
diagnosticar esquizofrenia e a morte num 
ato de preocupagdo disse: “ou usas isso 
como um dom, ou deixaste perder”...” 

O que falar sobre isso? Precisa acrescentar? 


Nao, né? Ta tudo ai. Entéo seguimos: FSB- 


Como eram os primeiros tempos? 


Antes de mais, obrigado por todo o teu 
maravilhoso trabalho e pela oportunidade 


REBOCO CAIDO - 55 


cio dele um brinquedo de prazer pessoal, 
utir tornando-o numa devassidio doente. O 


S 


a trono do desgosto, a podridao, o ser 


pos humano. Politica apenas serve para nos 
imo —_ dividir, pensem por vocés mesmos. 

rae 

este Ossons brasileiros tem uma boa aceitacao 


em varios paises. Como paises tio 


que —_ distantes conseguem se identificar tanto? 
ssse Porque a atitude do antigo movimento 
nda _- Punk, desde fins de 70's até principios de 
utir 80's, com bandas como Restos De Nada, 
eto. Célera, Brigada Do Odio, Otho Seco, 


1 


0 Atake Epiletiko, foram tudo bandas que 


que surgiram em forma de protesto, critica ao 
em _ regime militar, 4 opressdo, a censura... a 
ide = vontade de querer mudar as coisas, 0 
dia mundo. 

iio ~=—s SA. Momentos ao qual nio sé eu, mas 


muitos outros nos identificamos, Apesar 


ado de nao ter vivido esses tempos, fui edu- 
ise) cadoa resneita-los e a honrd-las camo se 


Contato: 


Fabio da Silva Barbosa 


fsb1975 


ahoo.com.br 


REBOCO CAIDO - 55 
“, ENFERM 
! j 
= f Bring Op | 
 ? 


de poder deixar aqui algumas palavras sobri 
as minhas paixdes. 

Os primeiros tempos eram magicos porque 
de fato, nado existe melhor palavra para « 
descrever. A procura de sons extremos, no 
mes controversos, trocas de Cd’s e cassete 
(sim eu ainda apanhei o final desse tempo 
que passaram a ser colegdes, a descobert 
das primeiras newsletters em papel e 0 co 
nhecimento de algumas zines do submundoa 
as noites dormidas na rua e nas estagdes di 
comboio... Afinidade entre pessoas que si 
viam apenas em locais especificos devido ; 
distancia das cidades. O fato de nao existi 
rem locais proprios para concertos e termo 
que encontrar os sitios mais impensaveis 
Para podermos ir aqueles concertos podre 
de Grindcore e Black Metal ruidosos, tinha 
mos que andar a procura dos becos nos ma 
pas que tinham nos cartazes ou entdo er: 
um amigo que enviava mensagem com amo 
rada, porque os eventos eram em antiga 
casas de alterne ou bares de strip escondi 
dos no meio do monte, ou até mesmo espa 
¢os ocupados que nunca pensavamos qui 
existiam, tal como uma antiga capela ocupa 
da por malta* artista, entre outros lugares 
Ainda lembro de irmos a alguns ‘spots’ ei 
policia fechar os tascos, mandar para casa... 
Este interesse despertou ainda mais conheci 
mentos e parcerias, 0 que faz com que est 
movimento seja assim, especial. Acredits 
que é isso que seduz o pessoal que come: 
a descobrir este “caminho”. Precisamos no 
focar no que é importante, pois ja sabemo 
que a maior parte s6 quer saber da fotografi; 
e quando pode por o som no facebook : 
youtube para que 0 ego cres¢a mais rapid 
que os prédios de cimento que vemos en 
nossos bairros... Tendo em conta que hoji 
em dia temos malta com o mesmo gosto qui 


REBOCO CAID 55 





Mais um som trevoso que entra em : 
idéia. Dei uma pesquisada no som e ¢ 
vdo as perguntas entao: 


Como nasceu a ObscureRelic? 
Primeiramente gostaria de agradecer a voc 


Fabio, por nos ceder um espaco para fali 
da naceca traiatAria na Raharn Caidn Fr 


v.2 n.1 nov. 2019/maio 2020 


2595-9379 











Revista 


SUMARIO 
EDITORIAL 
Editorial: Revista Cajueiro, v. 2, n. 1 
Valéria Aparecida Bari 


ARTIGOS ORIGINAIS E ENSAIOS 


O Uso Das Tecnologias da Informacao e Comunica¢cao no 
Processo de Mediacao Literaria e Leitora. 
Cristina de Almeida Valenca Cunha Barroso 


Aline Rodrigues de Souza Sales 


Quadrinhos Eletronicos e e Jogo do Texto: Quando Autores e 
Leitores Negociam Significados. 


Maiara Alvim de Almeida 


Feminismo e revolucao francesa sob o olhar de uma japonesa: 
a Rosa de Versalhes como duplo marco da industria japonesa 
de Manga. 


Valéria Fernandes da Silva 


Verossimilhanca hiper-real nos quadrinhos de Alan Moore. 


Ivan Carlo Andrade de Oliveira 


«Cajueiro F-ISSN 2595-9379 


007 


018 


044 


076 


Lae 





Revista 





ESTUDOS DE CASO E RELATOS DE PESQUISA 


O processo deliberativo no encontro com Trina Robbins. 


Daniela dos Santos Rodrigues Marino 


As Mulheres nos Quadrinhos: O Caso da Suécia. 
Natania Aparecida S. Nogueira 


Luisa Arantes Bahia 


Projeto FANZINEJA: o recurso pedagogico do fanzine na 
Educacao de jovens e adultos. 


Gazy Andraus 


Ensino de ciéncias em quadrinhos e fanzines: abordagens 
sobre dengue, zika e chikungunya em criacdes de discentes do 
ensino superior. 

Danielle Barros Silva Fortuna 


HOMENAGEM 


David Bowie e a logica do sentido na transmutacao visual. 


Paulo da Silva Quadros 


Cajueiro E-ISSN 2595-9379 


147 


177 


203 


239 


287 





JaCK WHDy © Ove VDIIKU WOUACIANT UNT TOVO UIpo UC VCIOSsimmintanva aos GQUaannitOs ao 
mostrarem personagens falfveis, humanos e até mesmo explicagdes mais elaboradas para os 
poderes dos personagens, como no caso dos mutantes. 

E outros artistas criaram outras formas de dar verossimilhanga aos seus quadrinhos 
e conseguir novamente a imersao dos leitores nas hist6rias. Esse processo encontra seu auge 
nas estratégias hiper-reais. O conceito de hiper-realidade se tornou conhecido principalmente 
gracas aos textos sobre 0 assunto de Umberto Eco e Jean Baudrillard. 

Na hiper-realidade a relagdo entre imagem e natureza muda de forma radical. A 
natureza é substituida por um simulacro. Ao contraério dos signos convencionais, 0 simulacro 
nao tem um referente, ele nao fala sobre algo do mundo exterior ao signo, sendo puro modelo. 
Segundo Lemos (2000, p. 325) nao se trata mais de representar 0 mundo, mas de simula-lo, ou 
até cria-lo. 

Essas imagens, mais interessantes e vividas que as imagens reais, criam uma 
espécie de real acima do real. Segundo Umberto Eco (1984, p. 14), “a imaginagéo americana 
deseja a coisa verdadeira e para atingi-la deve realizar o falso absoluto”. Exemplo disso ¢ 0 
Museu da cidade Nova York, repleto de representagdes que recriam o real ao invés de 


representa-lo: 


como os pergaminhos vendidos ao final da visita com 0 contrato de compra de 
Manhattan. A representacgao é cuidadosa, reproduzindo até mesmo o cheiro de papel 
velho. Infelizmente o contrato de compra de Manhattan, escrito em caracteres pseudo- 
antigos, esta em inglés, enquanto o original era em holandés (...) nado se trata de um 
fac-simile, mas, se me permitem 0 neologismo — de um ‘fact-diferente’ (ECO, 1984, 
pin: 


Nas palavras de Baudrillard (1991, p. 152) os modelos deixam de ser uma projecao do 
real, mas tornam-se, eles mesmos, uma antecipacao do real. A hiper-realidade seria, portanto, 


um modelo, uma ficgao, uma criagéo humana, que se descola do real e se torna, ele mesmo, a 


121 
Cajueiro, Aracaju, y. 2, n. 1, p. 117-145, nov. 2019/maio 2020. E-ISSN: 2595-9379 





Revista 
Cajueiro E-ISSN 2595-9379 


realidade mais interessante e fascinante que o real. Esse contexto gera uma crise que abala a 





divisao entre realidade e ficgao: 


A partir do momento em que a propria realidade nao é mais considerada real, mas 
uma simulagao, a maneira de perceber o ficcional também se altera radicalmente. 
Numa época em que a propria realidade é percebida como realidade simulada, a 
ficgéo passa a ter 0 mesmo status do que esta realidade, status de simulagao 
(SCHABBACH, 2009, p. 21-22). 


Nos quadrinhos, um dos autores que mais investiram em estratégias hiper-reais de 


verossimilhanga foi Alan Moore. 


3 HIPER-REALIDADE NOS QUADRINHOS DE ALAN MOORE 


Um dos primeiros trabalhos de Allan Moore e, porque nao dizer, das histérias em 
quadrinhos da indtstria cultural estadunidense, a revelar aplicagdo da hiper-realidade como 
estratégia narrativa foi Watchmen, uma parceria com Dave Gibbons, no periodo de 1986 a 
1987, perfazendo exatamente um ano de publicagdes mensais. Posteriormente, 0 sucesso da 
série levaria a reedigdes em capadura e a traducao para diversas linguas, tendo representado um 
momento de éxito editorial significativo para a DC Comics. 

A questao da arte e os recursos narrativos utilizados tinham como fonte 
experimentos que, no mundo dos quadrinhistas, antes encontravam-se restritos as intimistas 
publicagdes underground e autorais. Evoluiu, durante sua publicagao, da ideia de um arco 
natrativo para uma graphic novel, devido as qualidades inequivocas de seu enredo. Convivendo 
com publicagdes que representaram biografias e reportagens importantissimas, como Mauss de 
Art Spiegelman, Hadashi no Gen de Keiji Nakazawa, assim como a obra totalmente ficcional 


sobre Batmann The Dark Knight Returns de Frank Miller. narticinou de um momento histérico 





pours’ 
«Cajueiro E-ISSN 2595-9379 


2 A WEBCOMIC INTERATIVA HOMESTUCK: O LEITOR COMO JOGADOR E A 
OBRA COMO JOGO 


Desde sua concepcdo, a pagina oficial de HOMESTUCK” visava brindar seus 
leitores com narrativas na forma de mock games — jogos que, a principio, seriam voltados a 
audiéncias mais jovens, situando-se no limiar entre brincadeira e jogo, de acordo com Brynskov 
e Ludvigsen (2006). Construidas de forma simples, as hist6rias constituiam de quadros 
desenhados com imagens estaticas ou em movimento, em formato de arquivo Graphics 
Interchange Format (GIF) com tragos simples, em um estilo e elaboragdo artistica que os 
aproximavam de produgées feitas no software de edigdo de imagens Microsoft Paint, com 
legendas contendo didlogos ou descrigdes das cenas. As agdes seguintes dos personagens das 
historias eram determinadas pelos internautas, 0 quais postavam sugest6es em uma caixa de 
texto disponibilizada no site. O webmaster'* Andrew Hussie, um jovem estadunidense, escolhia 
um dos Inputs’, ilustrando-o e incorporando-o a narrativa, a qual seguia sendo contruida de 
forma praticamente coletiva. 

Em abril de 2009, apos brindar seu publico com trés narrativas — das quais apenas 
uma fora encerrada, ficando as outras duas em aberto, Hussie posta no sife uma nova aventura, 
entitulada Homestuck. A legenda do primeiro quadro da histéria informa ao leitor: “Um jovem 
esta de pé em seu quarto. Acontece que hoje, dia 13 de abril de 2009, é 0 aniversario deste 
jovem. Apesar de ter nascido ha treze anos, apenas hoje ele recebera um nome! Qual sera o 
nome deste jovem?” (HUSSIE, 2018, p. 1)'°. 

Abaixo do texto, que apresenta 0 protagonista, ha um botao que diz “> Enter name” 
(ou “insina 0 nome”, em portugués), o que corresponde e confirma a expectativa criada pelo 
paragrafo anterior: a historia faz referéncia 4 sequéncia de abertura de diversos jogos do estilo 


RPG existentes, e sera este 0 tom da trama que se desenrolara adiante. Tal qual nos jogos desta 


'3 Disponfvel em: www.homestuck.com, acesso em 25 nov. 2019. 

'4 O conceito de webmaster nos remete ao profissional com habilidades e competéncias em produzir artes em 
linguagens das midias digitais, como um webdesigner, também agregando a capacidade de desenvolver os 
softwares e aplicativos e cadastra-los na word wide web, como web developer. (Nota da editora). 

'S A programacao de sistemas de informagao é constituida de /nputs (Entradas), geralmente informacao inicial que 
passa por um processo de criacdo, resultando em obras, produtos ou servicgos, os Outputs (Saidas). (Nota da 
editora) 

'© Traduzido livremente do original: “A young man stands in his bedroom. It just so happens that today, the 13th 
of April, 2009, is this young man's birthday. Though it was thirteen years ago he was given life, it is only today he 
will be given a name! What will the name of this young man be?” (HUSSIE, 2018, p. 1) — Disponivel em 
shttps://www.homestuck.com/story/1>. Acesso em 22 de julho de 2018. 


48 
Cajueiro, Aracaju, v. 2, n. 1, p. 44-74, nov. 2019/maio 2020. E-ISSN: 2595-9379 


Bours 

«Cajueiro E-ISSN 2595-9379 
natureza, 0 protagonista € um jovem prestes a partir em uma jornada fabulosa, que a ele se 
revela numa data significativa, como seu aniversdrio, em que lhe é feita alguma revelacao de 
natureza fantastica (um passado tragico, poderes, um destino pré-tragado), o qual é, de certa 
forma, um lugar comum deste tipo de jogo. Esta legenda, ao evocar todos esses clichés dos 
RPG com ironia, também serve para deixar claro, desde 0 principio, que se trata de uma historia 
de humor, a qual parodia toda uma tradic¢ao (recente, porém ainda sim tradigao) do mundo dos 
jogos e das convengées da rede mundial de computadores. Além do comando para seguir, os 
demais elementos da tela apresentam ligagéo com os jogos eletrénicos, sendo facilmente 
reconhecidos pelo publico, 0 qual, inicialmente, teria crescido acostumado com este tipo de 
midia. Ha comandos para salvar 0 jogo (no caso, funcionando como um marca paginas do ponto 
em que 0 leitor parou, tal qual os comandos de salvar 0 jogo em videogames, os quais mantém 


0 progresso do jogador para seu pr6ximo acesso), de deletar os dados do jogo, para recomegar 





Entre as mulheres destaca-se Eva Ottilia Adelborg, uma das primeiras artistas a 
publicar um livro ilustrado pra criangas, em 1882 (STROMBERG, 2010). Ottilia teve uma 
educacao artistica s6lida, na Academia de Belas Artes entre 1878 e 1884, e também fez viagens 
de estudo para a Holanda, na Italia e Bélgica, entre os anos de 1898 e 1905. Ela comegou sua 
carreira fazendo ilustragG6es para jornais (ILLUSTRATRICI, 2017). 

Na sua obra nota-se uma preocupagao com a educagao das criangas, buscando dar 
ao livro infantil uma funcgao pedagégica. Seu trabalho acabaria influenciando a criagao daquilo 


que conhecemos hoje como educagao infantil, na Suécia (OTTILIA, 2017). 


62 Em livre tradugao para o portugués: O Sacerdote e a Menina. 


180 
Cajueiro, Aracaju, v. 2, n. 1, p. 177-202, nov, 2019/maio 2020, E-ISSN: 2595-9379 





Revista 
Cajueiro E-ISSN 2595-9379 


Em 1896, publicou o que seria sua primeira historia em quadrinhos, Pelle Snygg 





och barnen i Snaskeby®’, onde ensinava nogdes de higiene para criangas (KLEIN-JANTJE, 


2017). Em 1899, foi a vez de Er Bjérnhistoria °’ . Em reconhecimento ao seu trabalho, o 


municipio de Gagnef instituiu o prémio literario Ottilia Adelborg, em 2000 (OTTILIA, 2017). 


Figura 2: Uma historia de urso 


Toe eae 
a a 


r 
4 


: 
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Fonte: En Bjérnhistoria (1899) — Uma historia de urso - Website © 1994-2017 Lambiek 





Em relagao ao panfleto elaborado pela Fiocruz que a dupla analisou e inspirou na 
escolha do tema, afirmaram: “o material é um panfleto que fala que se a pessoa tirar 10 minutos 
semanais, vocé consegue evitar o mosquito da dengue seguindo as agdes que estdo na parte de 
tras do panfleto. A gente pegou essas agdes e criamos uma histéria em que o préprio mosquito 
da dengue é o protagonista, até colocamos 0 nome do zine Um dia D trabalho fazendo um 
trocadilho, para mostrar como se fosse um dia de trabalho dele! Ele tentando procurar um 
lugar para trabalhar’’. 

De acordo com a dupla que trabalhou na elaboragao do fanzine na UNEB (Figura 
6): “Primeiro ele chega, e a caixa d ‘agua jd foi fechada e ndo dé para para criar focos, ele vé 
um ralo e quando chega la da de cara...percebe que esta tampado com tela, ele segue tentando, 
vai nos pneus... jd estado vazios, enfim, tudo esta contrario as formas que ele poderia gerar 
focos...at quando ele chega em casa, a esposa pergunta: e ai amor, como foi seu dia de 
trabalho? E ele: “Foi um dia muito dificil!” e em outro quadro mostra o grafico com os dados 
sobre a dengue, caindo, Também ndo quisemos fazer as cenas todas que falam no material 
sendo ia ficar enfadonho”. 

Ao longo da narrativa foram demonstradas as condigdes propicias aos focos do 
mosquito, porém a HQ nao elucidou que somente as fémeas da espécie Aedes aegypti que 
colocam Os ovos e transmitem a doenga quando contaminadas. Assunto que foi levantado e 


discutido com os colegas no momento da apresentagao. Sobre essa questao, Assis et al (2013) 


251 
Cajueiro, Aracaju, y. 2, n. 1, p, 239-285, nov, 2019/maio 2020, E-ISSN: 2595-9379 


mours'*: 

«Cajueiro E-ISSN 2595-9379 
afirmam que, “embora sejam disseminadas informag6es na midia sobre os potenciais criadouros 
do mosquito e de seu comportamento, ainda sao identificadas dtividas relacionadas a 
reproducao” (p.10). A exemplo disso, as autoras citam que a oviposi¢ao e o desenvolvimento 
do Aedes aegypti sao confundidos com os habitos de outros mosquitos, como 0 Culex sp. 

Uma dificuldade relatada pela dupla foi quanto a representagdo das imagens 
(Figuras 6 e 7), por exemplo, conforme relataram:“é dificil desenhar que se deve limpar a 
bandeja do ar condicionado e também ndo quisemos colocar tudo, sem contar que muita coisa 
nado vai ser da realidade da pessoa, entdo fica algo fora do contexto”, denotando certa 
preocupagao com as légicas do publico para o qual o material sera destinado. 

De acordo com Schall (2005) a ressignificagaéo da mensagem a partir do lugar 
enquanto sujeito traduz o estado afetivo, uma vez que a linguagem escrita possibilita a criagao 
de um espago simbélico e estimula a imaginagao do interlocutor. Dessa forma, segundo a 
autora, a linguagem visual que contemple personagens, cendrios e vivéncias segundo a légica 
do ptiblico propicia a oportunidade de construir novos significados permitindo a maior 


compreensao de si mesmo. 





httos://seer.ufs.br/index.php/Cajueiro 


Marcio Sno: 


" Confira no YouTube o bate papo que tive com o Prof. Jofra no qual apresentei um 
bocado de livros que falam sobre zines! 


Aproveite para se inscrever no canal para receber atualizagoes do programa Meu 
Zine Minha Vida! 


https ://www.youtube.com/watch?v=nsdaGaqsevcyY " 






Bracos de aco 


Poderiamos ser lendas vivas, de almas 

que se encontram entre a multidao de tantos 
com 0 mesmo anseio de serem felizes. 
Mas preferimos o orgulho 
de nao dar o braco a torcer. 






Oitao - Proteste (Official Music Video) 





Letra: 


Mais de 50 milhoes de brasileiros vivem na extrema miseria 
Desigualdade, preconceito, exclusao social 

A saude é precaria, nao tem medico, as pessoas morrem na 
fila do hospital 

O ensino publico ruim, estagnado, desigual 

6 em cada 10 criancas sao vitimas da pobreza 

Nao vamos nos calar 

Juntos podemos lutar 


Proteste, discorde, resista 

tudo que falam que é certo 

Questione a face estampada nos vermes de cima 
Hipocrisia... Sujeira 0 povo vivendo migalhas 
Fascistas assassinos parasita desgracado 
Resista, discorde, proteste 

Conteste o mundo em volta 

O povo cansado de tantas mentiras que vé 
Falsidade imposta sofrendo calado miséria 
Hipocrisia sujeira 0 povo vivendo migalhas 
Fascistas assassinos parasita desgracado 
Resista discorde proteste 

Injustica 

Ganancia 

Raha 


https://youtu.be/T9l_ BvrPhig 


httos://coletivearts.blogspot.com/2020/07/o-diario-do-chapeleiro-louco-e-da- 





lebre 15.html 
DIARIO DO CHAPELEIRO LOUCO E DA LEBRE MALUCA 


Quando acordei hoje de manha, eu sabia quem eu era, mas acho que ja mudel 
muitas vezes desde entao. 


EU QUERO AS ONDAS 
EU QUERO BRISAR 
0 MAR 


BRISAR O MAR 


SER BRISADO a ~~. 


SER BRISA. 
fs, on 5 a si 


= 
Cc 
mio 


« 
‘ ™~ —s 
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Jorginho 


# Marca de Fantasia 


Paraiba, julho de 2020 - n. 280 





Maria 7 - Sequestro da embaixada 


ntre o final dos anos 1970 e inicio de 1980 Maria ja saia em revista 
E propria, de modo independente, aqui e ali apoiada pelo governo do es- 
tado ou pela Universidade Federal da Paraiba. Tratava de temas da atua- 
lidade em sua reflexao sobre o periodo de arbitrio politico da época. 

A sétima edicao mantém a estrutura iniciada na anterior e vai além. 
Continuam as matérias textuais com a segunda parte da “Historia das 
HQ da Paraiba”, a secao de cartas ampliada e o “Registro” de publica- 
ces alternativas. A novidade foi a abertura de espaco para a veiculacao 
de outros personagens de quadrinhos do estado, com tiras de Marcos 
Nicolau (Garibaldo), Ténio (O Conde) e Xico (Auré). Maria torna-se 
uma revista coletiva e diversificada, incorporando o espirito “fanzine” 
de reflexao e combatividade. 

Esta e outras reliquias estao disponiveis gratuitamente no sitio da 
personagem: www.marcadefantasia.com/maria.html. 


Editor: Henrique Magalhaes - marcadefantasia@gmail.com - https://www.marcadefantasia.com 





Temos 


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Vamos fazer um 
sequestro que ponha em 
xeque o governo ! 
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INFLACAO, DESEMPREGO, GREVE, 
TERRORISMO... 











Temos que atacar 
O ceritro, a cabeca! 


que por em eee 
ratica noeso plano! | MAImmer| 





Oxente! Vamos 
assaltar algum 
Danco ? 


5Ao TANTOS 
os NOVOS 
PROBLEMAS QUE O 
PAIS ENFRENTA... 





O miolo! 0 que coon.) 


a renda nacional ! 





..E 0 GOVERNO AINDA Nao COW SEGUIL 
SOLUCGONAR 

NEM OS 
VELHOS.. 


M Nicolay 


PRECISO PARAR DE 
ee APANHAR ESSEeS RESTOS 


_ PE FORNAIS DE 


Bx ZINE 
“= FLOR DE LOTUS NA SARJETA 


"AS MULHERES SAO ANARQUISTAS E 
REVOLUCIONARIAS NATURAIS, PORQUE ELAS 
SEMPRE FORAM CIDADAS DE SEGUNDA CLASSE E 
TIVERAM QUE FAZER O SEU PROPRIO 

CAMINHO” Kim Gordon 


Nesta edi¢cao mulheres que trilham pela arte. Representam 


a fina flor do underground e aqui compartilham um pouco 
de seus universos infinitos de ideias e produc6ées. 


ee ae na 
TANZ TWA | 


4 F 


aN , oe 
Carla Martins Ni Ana Paula Sant'Ana 


ah 


Edicoes Tarja Preta 





O Zine Flor de Lotus na Sarjeta chega a mais uma 


4 
y& edicao. 
‘d . LA Este nome foi inspirado na cangao Cachorro Doido 
Vaay de Zeca Baleiro. No caso da cangao ,ele traza 
x referéncia do poeta torto, sem lua, musa ou deus 
Lugar de fala : 
femini que o guarde, pulando a janela do contexto. A letra 
ennai da musica traduz muito o contexto que eu quis dar 


a construcao deste zine, dedicado ao pensamento. 


E d ITO a dg | Mas aqui, sob a luz feminina. Pensamento de 


pensadoras, ativistas que embora refinados, como 
a flor de I6tus, continuam a margem, ou na Sarjeta, 


oe : ainda por questGes sociais. Essas mulheres muito 
Paula Sant’Ana. Se oie ie : 
A especiais que convidei para esta edicao, sao as finas 
conheci via face e whats. Em flores do underground. 
Por curiosidade, no oriente, a flor de létus significa 


nossas conversas,em seus posts 
logo percebi que se tratava de pureza espiritual. 
uma mulher Na literatura classica de muitas culturas asiaticas, 
diferenciada. Possui uma aba lechncia, bel vinick 
dualidade que permeia entre o simboliza elegancla, beleza, perreicao, pureza e 
ost tid. avara canda franitantamanta sceanriadsa ane 


Professora 

de Filosofia, Ciéncias Sociais e Metodologia 
de Pesquisa. 

Casada com André Becker, 

Mae do Gabriel, do Vitor e da Anais 


PARA 

ENCONTRAR ESSES LUGARES DE SER ACHO 
QUE PARTI DO NAO SER. 0 MUNDO 

TAO CHEIO DE GENTE DE UM LADO, A 
SOLIDAO INERENTE DE OUTRO LADO. 

POR EXCLUSAO PERCEBI QUE NAO PODERIA 
SER CONTADORA (NAO GOSTO DE 
MATEMATICA), ENFERMEIRA (DESMAIO AO 
VER SANGUE), REPORTER DE TV 
(SOU TIMIDA E ESPALHAFATOSA) 
DIZEM 

QUE OS BEM-SUCEDIDOS NAO DEIXAM QUE 
AS COISAS ACONTECAM 

NATURALMENTE, PENSO QUE NAO TENHO O 
PERFIL DOS BEM-SUCEDIDOS POIS 

$OU QUASE UMA FOLHA AO VENTO. QUERIA 
SER AUTODIDATA, MAS ESTUDEI ATE 

O DOUTORADO (POR ENQUANTO). QUERIA 
SER CINEASTA E ME TORNEI 

PROFESSORA. QUERIA SER ATIVISTA MAS ME 
TORNEI! ARTISTA. 

AGORA 

ACHO QUE PEGUEI UM PEDACO DE CADA 
UMA DESSA DE MIM QUE QUERIA NASCER 

E COLOQUE! NESSA AQUI QUE NASCEU. ELA 
E CORAJOSA POIS O QUE ENSINA 

NA FACULDADE E A BUSCA DO DESEJO E DA 
VONTADE DE POTENCIA. SER 

PROFESSORA TAMBEM SALVOU TODAS ESSAS 
QUE QUERIAM NASCER, POIS A 

TIMIDA SEMPRE FOI AFEICOADA A LEITURA, 
A ATIVISTA ENCONTROU NA 

TEORICA A IDEIA DE REDE COMO MODO DE 
SER, A ATIVISTA ENCONTROU VOZ 

NA ARTISTA. A FILHA QUE SE TORNOU MAE 
AQUIETOU SUA DESCONFIANCA NA 

ESPECIE HUMANA, 


E vat 


o 
= punk é mdsica. O punk é arte. E estado de 
espirito, é fluidico. 


Pessoal e coletivo. Nao ha pecas que o 


tot &y terminem. Ora assimilado e cuspido fora. 
Porque o homem é assim. Expurgado em 
delirios internos. A fdria de um homem éa 
_ furia de todos os homens, 







ere fé, em apatias. Nulo e puro vigor, ele rege a 
, regra das imprevisibilidades, 


Ana 
PaulaSant'Ana 





alternando-se em motivagées, em revoltas, em 


; ‘ es fi 4} me 


Castas 


e Lixo 

Nem 

o lixo consegue conter 
Explode 

de dentro da lata 

Se 

nem o 
conter 
Explode 
de dentro da lata 
Se 

nem o 
conter 
Nao 
venham falar sobre castas 
Entorpecendo 

a mente com status 

Eo 

lixo continua na lata 


By 


lixo consegue 


lixo consegue 


(Letra feita com Andre 
Becker para a banda Suco 
Gastrico SP em 
https://www.youtube,com 
/watch?v=CfyxvTxViHI 


~ \"\ quando 


/e > K vocé 


Sao 


“=” conhecer 


WV. AB 


Ed Hil” Eu 


LK RE me 


. ; 
= one -desconhecerei 








Sou editora dos Zines “Moicanos Girl Zine”, publicagao 
dedicada a 

cultura Punk ,divulgacdo de bandas e gigs. E um zine bem 
interativo, onde abro espaco para que Os artistas se sintam a 
vontade para manifestarem -se. “Feminizine” que representa 
0 grito feminino feminista e libertario onde conto com 
algumas parcerias, entre elas Fabiana Menassi, e Mara Zine de 
Ilha Comprida e também o Zine “Zona 

Erégena- Poesias e Contos da Subcultura Marginal”.O zine 
apareceu na minha vida num momento decisivo e de 
transformagées profundas de minha esséncia. Foi como deixar 
o casulo, se transformar em borboleta e voar por ai... Eum 


main da camiuinicarcian tatalmanta lihart4ria qua cria miuitac 


https://drive.google.com/file/d/1FC zxAcAAQhpYD37fCgq869Bkz5Diu/7KN/view 


Carla Martin 


SOA ee 


fn 





Fanzine ao é algo especifico de publicacées 
escritas, tem também tem 
os audio zines, que sao producées de 


programas independentes via 


whatsapp . E uma midia que chega muito 
longe, pois hoje em dia e os 
programas seguem diferentes vertentes 
atingindo variados tipos de 
publicos. José Zinerman Nogueira, é um dos 
precursores desse tipo 
de veiculacgao de informacao e boa musica. 


Tem muita gente 


participando e se conectando, enviando 
trabalhos e mandando seu 


x Dialogos do Sul [=] 


Por diversas vezes o senhor foi apontado 
como um padre rebelde. Qual a sua opiniao 


sobre esse adjetivo que lhe foi atribuido? 


Existir no Brasil ja @ uma rebeldia. Em um pais 
que esta vivendo o neofascismo que estamos 
vivendo todo tipo de resisténcia, rebeldia, 


desobediéncia € uM sinal de sanidade mental. 


Ha muitos religiosos falando que a pandemia 
é uma oportunidade para que haja uma 


melhoria nas pessoas? 


A desigualdade ficou muito clara com a 
pandemia e nesse sentido ha uma insatisfa¢cao 
muito grande porque estao todos vendo que a 
miseria cresce e que esse estado de 
calamidade em que a gente vive atinge as 
pessoas de diversas maneiras. Entao, sao 
muitas as formas de que todos acabam sendo 
atingidos de alguma forma, entao e 
importante que nesse momento isso se 
Canalize para realizar essa a¢gao conjunta, que 
aS pessoas percebam isso para se 


movimentarem tambem, pra lutarem por uma 


SB sso, Se Olle a orca es 


https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/direitos-humanos/6571 2/pe-julio- 
lancellotti-todo-tipo-de-resistencia-rebeldia-desobediencia-e-sinal-de-sanidade 


A MAIOR 
DAS 


SUBVERSOES 


NEM =—-—dDE ~~ PAO 
VIVE O KOMEN! 


(Aalizando 
cm. 





Sobe o leite,a 


came, © pao... 


"Indirelas ao molho Chega de  Democracia, ao 
de arrocho salarial’!|| comida requentada molho de eleicées 
~—~“ 


ey 


| 
/ 


\ocE pensa que € Quando se descobre 
brincadeira., Pambinha, Veja $0 as UM SAPATAO na familia, 


consequéncias! 
mas val a primeira cotsa 
ie ae ~~ q que . faz 7! 


@ ave se 


al 





£ I3S0, Em nome do amor 


Pombinha ! A 
as SC abolbas ty 











Todas as normas 


BICKAS, SAPATOS, 
OPRIMIDOS , FEMINISTAS, 
OPERARIOS, HIPPIES NEGROS 


INDIOS, PUNKS EXISTENCIALISIAS 
DE TODO O MUNDO 





NOR EA MAAR 
DAS LEVER Size, 









O racismo sutil por 
tras das pallavras 






s@eee8eese © 

e@eeee?ees és ea 
eeed?eees3e Ga 
ee ee ee oe 





“ah 
wlll 


>Peeoeoeeeeeeeeeeeeeeee 





i i ed 


es@eeeeeee. 
ee me me ee 
Ss @eee¢ees 


s@eeesees 
i ee ee 





Brasilia, 2020 





Ministerio Publico 


MieA DET do Distrito Federal Secretaria de 
e Territorios Justica e Cidadania 





Secretaria de Justica e Cidadania do Distrito Federal 





O racismo sulil por 


tras das pallavras 


A linguagem é um siste- 
ma de signos ou sinais que 
sao utilizados para indicar, 
por meio da comunicagao, 
ideias, valores e sentimen- 
tos. E possivel apontar que 
a nossa linguagem é pro- 
fundamente marcada pela 
cultura preconceituosa 
existente na nossa nacao, 
visto que expressoes racis- 
tas sao constantemente 
naturalizadas e impregna- 
das nas estruturas das rela- 
codes etnico-raciais. 


Estas buscam desqualificar 
e desaprovar a populacao 
negra de tudo que se as- 
socia a ela, minimizando a 
imagem social dos negros 
de forma que reproduz e 


reforca no inconsciente co- 
letivo da sociedade brasilei- 
ra a relag¢ao preconceituosa 
entre negritude e negativi- 
dade. Em contrapartida co- 
notacoes positivas sempre 
sao ligadas aos modelos e 
representacoes de pessoas 
brancas. 


Posto isto, torna-se neces- 
sario refletir sobre o pre- 
conceito existente por tras 
das palavras, que se apre- 
sentam por meio da lingua- 
gem que vem reafirmando 
a imagem social dos ne- 
gros, em grande parte, em 
posi¢oes sociais subalter- 
nas sendo definidas a par- 
tir da visao europeia. 


Secretaria de Justica e Cidadania do Distrito Federal 


[PeeAMIE Cie 


Origem/Sinonimo 


Expressao originou nos navios 
negreiros, Quando escraviza- 
dos negavam-se a comer du- 
rante a travessia ate o Brasil, 
pois preferiam morrer a se- 


Substituicao 


rem escravizados. Estes eram 
alimentados a forca, por uma 
especie de colher que Ihe era 
colocada na boca e se jogavaa 
comida. 


Bastante 





A 


Criado mudo 


Origem/Sinénimo 


Era o escravizado que fica- normalmente segurando 
vaempe,aoladodacama agua e objetos para servir 
a noite inteiraem silencio, os “senhores”. 


ITT Taha i fot [e 


Mesa de cabeceira 


criado-mudo: “Pequeno movel que se coloca junto a cabeceira da cama; 
mesa de cabeceira.” (Fonte: Dicionario Michaelis). 





14 
Domestica 


Origem/Sinoénimo 


O termo possui ori- 
gem nas mulheres ne- 
gras que trabalhavam 
dentro da casa das fa- 
milias brancas e eram 


ticadas. Isso porque 
os negros eram vistos 
como animais e por 
issO. precisavam_ ser 
domados. 


consideradas domes- 


Substitui¢cao 


Trabalhadora/ Funcionaria/ 
secretaria do lar 


Domestica: Mulher que se emprega em trabalhos caseiros; 
empregada, criada. (Fonte: Dicionario Michaelis) 





19 

Secretaria de Justi¢ca e Cidadania do Distrito Federal 
Id Disputar a néga 

Origem/Sin6nimo 
Possui sua origeMm nao so na es- do os “senhores” jogavam al- 
cravizacao, como tambem na gum esporte ou jogo, o premio 
misoginia e no estupro. Quan- era uma escravizada negra. 
Substituicao 


Desempatar 


Denegrir 


Origem/Sinénimo 

Possui raiz no significado “manchando” uma repu- 
de “tornar negro”, como _ tacao antes “limpa’”. 
algo maldoso e ofensivo, 


Substituicao 


Difamar 





Mercado negro/magia 
negra/ lista negra/humor 
negro/ovelha negra: 


Origem/Sinénimo 








Utilizagao da palavra “negra” como algo pejorativo, 
prejudicial, ilegal. 


Substituic¢ao 


Mercado clandestino/ 
lista proibida/ humor 
acido/ rebeldia 






http://havintage.blogspot.com/201 4/1 1/50-anos-da-creepy-revista-que-deu.html 








Desde o fim da EC as historias em quadrinhos de horror estavam banidas nos 
Estados Unidos. A criagao do famigerado "comics code" (codigo de éetica dos 
quadrinhos) as inviabilizava. Foi entao que o empresario James Warren, fa das 
mitologicas revistas da EC (tais como Tales from the Crypt chamada por aqui de 
Cripta do Terror ou Contos da Cripta) bolou um meio de burlar a censura e devolver 
o terror as bancas. 


A primeira revista de sua editora era uma magazine, isto €, uma revista no formato 

das revistas informativas e de entretenimento que ha por aqui no Brasil como Veja, 

Contigo, etc. "Famous Monsters of Filmland" era uma revista sobre filmes de terror 

que logo caiu no gosto dos leitores. Alem das mateérias e muitas fotos, com o tempo 
a revista passou a trazer ate historias em quadrinhos! 


Foi entao que Warren percebeu que por nao serem "comics books" (revistas em 
quadrinhos), esse tipo de quadrinho ao ser publicado numa magazine nao 
precisava passar pelo comité de censura das editoras de quadrinhos. Assim as hqs 
podiam ser publicadas sem restricoes. 


O passo logico foi algo inusitado no mercado norte-americano daquela epoca: uma 
magazine trazendo so historias em quadrinhos! Em preto e branco, custando o 
triplo dos comics books menores mas coloridos, era vendida nas prateleiras das 
revistas normais, como Time, Life, People, e tantas outras cotidianas nos Estados 
Unidos. 


Assim Warren mudou a cara dos quadrinhos norte-americanos, criando um 
segmento de revistas e historias que miravam um publico "mais maduro" do que o 
comum dos gibis naquela epoca presos aos super-herodis e revistas cOmicas 
infantis. O sucesso da Creepy foi tal que logo gerou uma irma mais nova, a Eerie. 
Ambas acabaram fornecendo material, no Brasil, para a criagao da famosa 
KRIPTA, langamento da RGE que foi um sucesso na segunda metade dos anos 70. 
O nome "Kripta" de fato foi bolado como aproximacao fonetica do Creepy da 
Warren. 


Foi em virtude do sucesso da Warren que a propria Marvel, nos anos 70, ia langar 
uma enxurrada de revistas magazines sem as restricoes do comics code, muitas 
delas de terror, e a mais bem-sucedida bastante conhecida por aqui, a Espada 
selvagem de Conan. Por conta da pequena revoluc¢ao iniciada por Warren por 
muitos anos, quadrinho em preto e branco seria considerado sinonimo de 
quadrinhos adultos nos Estados Unidos - nao a toa comics como Walking Dead 
optaram pelo preto e branco tamanha essa tradicao. 


E tudo comecou aqui, com a Creepy numero 01,